domingo, 28 de novembro de 2010

ARTE, INFLUÊNCIA E IDENTIDADES CULTURAIS BRASILEIRAS: TERCEIRA SEMANA DE DEBATES REÚNE IMPORTANTES NOMES DO CENÁRIO ARTÍSTICO BRASILEIRO

Claudio Nigro (Foto: Lica Keunecke)

Representantes de diferentes áreas culturais compareceram ao Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo para participar do ciclo de debates Como Nasce uma Obra-Prima. Na terça, 23, e na quarta-feira, 24, o curador do evento Claudio Nigro recebeu a historiadora e professora da USP, Silvia Meira; o artista plástico, cineasta e fotógrafo Arthur Omar; a cantora Zanna; a escultora e artista Denise Milan; o diretor de teatro Ilo Krugli; o filósofo Gabriel Federicci; o ator Nilton Bicudo e o jornalista e dramaturgo Otavio Frias Filho.

Otavio Frias Filho (Foto: Lica Keunecke)

A influência de outros artistas na obra de seus sucessores, as teorias ligadas ao mesmo tema do critico literário americano Harold Bloom, o conceito de originalidade nascido em época romântica, sobre a natureza profunda do romantismo europeu, o plágio e artistas fortes, que  venceram o complexo de Édipo artístico com seus “pais” criativos e estabeleceram um novo jogo de influências dentro da história. Estes foram os temas que nortearam as duas noites.

Na quarta-feira, Nigro fez uma apresentação tendo como linha principal a “Divina Comédia” de Dante Alighieri, mas sua fala também teve espaço para William Shakespeare, Clarice Lispector, Fellini e Woody Allen, entre outros artistas. Em seguida, ele cedeu a palavra a Otavio Frias Filho, que fez um breve relato tendo como base a obra “A Angústia da Influência”, de Harold Bloom. Na sequência, a historiadora Silvia Meira analisou os diversos aspectos contidos na arte produzida no Brasil e as influências vindas da Europa.

Silvia Meira (Foto: Lica Keunecke)

Um grupo de intelectuais internacionais e brasileiros e uma série de artistas de todas as áreas falam da diferença entre o uma obra de arte comum e uma obra que muda o olhar do homem sobre o mundo. Esse é fio condutor de um evento que quer discutir as mais importantes questões ligadas à arte no Brasil e no Mundo hoje. Copyright, mercado, poética, o século XX, o pós-modernismo, a identidade cultural do Brasil etc. Um convite  que se estende à classe artística na sua totalidade e a todos que amam as sete artes e a comunicação.


Todas as linguagens criativas e toda a classe artística estão convidadas! 
 




Ilo Krugli (Foto: Lica Keunecke)
Como Nasce uma Obra-Prima

09 de novembro a 08 de dezembro de 2010
Terças e quartas, 19h
Entrada Franca - As inscrições para assistir a todos os debates podem ser feitas pelo telefone (11) 3113-3649. Os não inscritos devem retirar senha no local com uma hora de antecedência.

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - São Paulo
Informações (11) 3113-3651 /3113-3652

 

Acesso e facilidades para pessoas com deficiência física//Ar-condicionado

Estacionamento conveniado:
Estapar Estacionamentos
Rua da Consolação, 228 (Edifício Zarvos)
(R$ 10,00 pelo período de 5 horas. Necessário carimbar o ticket na bilheteria do CCBB).
Informações: (11) 3256-8935
Van faz o transporte gratuito até as proximidades do CCBB - embarque e desembarque na Rua da Consolação, 228 e na XV de novembro, esquina com a Rua da Quitanda, a vinte metros da entrada


Denise Milan (Foto: Lica Keunecke)


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

“UMA EXTRAORDINÁRIA VARIEDADE DE TENDÊNCIAS INTERPRETATIVAS, DE ENDEREÇOS CRÍTICOS, DE MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO E DE EXPECTAIVAS PSICOLÓGICAS”, DIZ RICARDO DE MAMBRO SANTOS SOBRE O CICLO DE DEBATES COMO NASCE UMA OBRA-PRIMA

Foto: Lika Keunecke

O professor de história da arte da arte da Willamette University, EUA, Ricardo de Mambro Santos enviou um breve comentário sobre sua participação no ciclo de debates Como Nasce uma Obra-Prima, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, até o próximo dia 8 de dezembro. Leia abaixo o texto na íntegra.

“A iniciativa Como nasce uma obra-prima, pensada e organizada por Claudio Nigro, levou ao Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo um público surpreendentemente consistente de pessoas das mais diversas idades, profissões e perfis criativos para desenvolver, juntos, um encontro no qual diferentes aspectos do universo das artes – de sua produção à sua recepção – pudessem ser debatidos em forma dialógica, com fervor, mas também com sólidas bases teóricas e históricas. Com efeito, uma das novidades mais entusiasmantes deste encontro foi a pluralidade de categorias envolvidas: de docentes universitários a músicos, artistas plásticos, cineastas, escritores, pensadores, protagonistas de eventos culturais, além de muitas outras.

A organização dos encontros – impecável em todos os seus momentos – ficou por conta de uma excelente equipe de profissionais dirigida por Claudio Nigro com rédeas firmes, porém capazes de se adaptar aos mais diversos imprevistos, transformando cada momento em um território de mil possibilidades intelectuais. O percurso no qual foram divididos os vários temas a serem abordados foi o resultado de um inteligente projeto crítico, graças ao qual o conceito geral – e, por vezes, excessivamente dogmático e genérico – de obra-prima pôde ser examinado através de diferentes prismas hermenêuticos e analisado nos seus mais sutis desdobramentos históricos. A caracterizar o encontro foi, portanto, uma extraordinária variedade de tendências interpretativas, de endereços críticos, de métodos de investigação e de expectativas psicológicas que se predispuseram, todavia, a realizar uma troca promissora de idéias e hipóteses.

No caso do encontro ao qual participei em primeira pessoa – ligado ao tema de Arte, matéria e linguagem – o duetto crítico com Nigro foi, acredito, bem estruturado e desenvolvido com sobriedade, sobretudo por mérito de um percurso de imagens - problema capaz de abordar diferentes questões, sem perder de vista a profunda interligação que existia entre elas. Alguém poderia classificar o encontro como eurocêntrico. Mas acredito que tal definição seja, na realidade, o fruto de uma incompreensão de fundo, motivada, talvez, por uma urgência crítica que é sem a menor dúvida, justificada em outros casos: aquela de alargar os horizontes da análise crítica e histórica do mundo das artes a realidades culturais ainda pouco frequentadas por uma certa historiografia.

No caso do encontro Arte, matéria e linguagem entretanto, a escolha de obras (universalmente consideradas como primas, até mesmo por parte de uma público de massa) como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci ou Les Demoiselles d’Avignon de Pablo Picasso, entre muitas outras, foi feita justamente com a intençao de poder verificar, do interior mesmo de uma certa visão historiográfica, os motivos pelos quais tais resultados estéticos acabam sendo tão difusamente considerados como exemplares. Além do mais, ja sabiamos que uma inteira semana do evento seria dedicada ao tema específico de arte global ou glocal, em relaçao também à questão da identidade coletiva de uma obra (no sentido de nacional, etnográfico, antropológico e assim por diante), pareceu-nos mais eficaz, do ponto de vista pedagógico, oferecer ao público imagens geralmente avaliadas como paradigmáticas – quase fossem realidades trans-históricas e pluri-geográficas – para poder, com minúcia de detalhes, examinar as características formais, as premissas teóricas e até mesmo os preconceitos hermenêuticos que as levam a ser vistas como obras-primas.

Ao final do encontro, a minha reação era já de saudade: quisera o tempo poder ser mais generoso e nos permitir de realizar, no futuro, muitos outros encontros como este! A capacidade de organização de Claudio Nigro, juntamente a sua exterminada curiosidade intelectual, a sua sensibilidade em lidar com questões fundamentais do mundo das artes, a sua deliciosa ironia e, enfim, a sua elegância inigualável como anfitrião, transformaram o evento Como nasce uma obra-prima em um momento realmente memorável de reflexão crítica e de prazeroso diálogo cultural." (Ricardo de Mambro Santos)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

CLAUDIO NIGRO E SILVIA MEIRA DISCUTEM ARTE, INFLUÊNCIA E IDENTIDADES CULTURAIS BRASILEIRAS

Silvia Meira
Nestas terça-feira, 23, e quarta-feira, 24 de novembro, Claudio Nigro recebe Silvia Meira no ciclo de debates Como Nasce uma Obra-Prima. A pauta da semana é Arte, Influência e Identidades Culturais Brasileiras. Meira é Doutora em História da Arte no séc. XX pela Universidade de Paris IV - Sorbonne, Paris,  França,  Livre Docente da ECA/USP e foi Coordenadora da Escola do MASP por 15 anos. Atualmente é pesquisadora em história da Arte Contemporânea do Museu de Arte Contemporânea (MAC) Ibirapuera. 

HÁ OBRA DE ARTE NA CONTEMPORANEIDADE? 

Este é o tema da fala de Meira na terça-feira, 23. "As formas complexas de arte descrevem hoje uma dilatação do presente. Em um campo ampliado de possibilidades, as manifestações artísticas dos últimos 50 anos, itos de artista apresentrrida, partir de um sistema complexo de escolhastransgridem a conhecida filiação estética que compõe a arte, e, nos obrigam a repensar conceitos. As formas e as cenas artísticas da contemporaneidade instalada em lugares não convencionais ampliam-se em discursos simbólicos onde a obra plástica arquitetônica e teatral, se coloca como obra-evento. As obras-intervenções plásticas da contemporaneidade inscritas em territórios abertos colocam-se em um modo outro de se organizar enquanto arte. Anônimas e dessacralizadas apresentam uma vacilante natureza em seu modo provisório de ser, destronando as noções de autenticidade e originalidade, herdadas da noção clássica de arte. O debate contemporâneo hoje se apropria de conceitos tradicionais criando diferentes relações, introduz novos significados aos antigos significantes. A produção de uma experiência in situ se torna primordial no fazer artístico, onde as transações e relações descrevem a essência; o procedimento e a postura substituem as propriedades." (*)

Arthur Omar (foto: Walter Craveiro)
Na quarta-feira, 24, a pesquisadora fala sobre a adversidade em que vivemos.  "Muitos povos ainda hoje desconhecem o enigma da brasilidade. Os artistas brasileiros, tem sido caracterizados, nos  últimos anos através de um olhar exótico e folclórico, que surgiu devido a dificuldade de algumas culturas em enxergar a complexa identidade cultural brasileira, sem conferir as nossas produções artística uma unidade, um modelo de entendimento efetivo de interpretação de nossa cultura. A brasilidade não existe em essência, não apresenta conteúdo a priori e no caso do contemporâneo, não busca nenhum objetivo como acontecia no projeto de nacionalismo modernista. Ao contrário, as realidades culturais se tangenciam, hibridizam-se em emblemas visíveis repletos de sinais da cultura de massa e da cultura erudita. Alguns artistas se direcionam para uma arte culturalmente híbrida tornam-se originais na manipulação destas misturas de signos. Porém hoje não se busca mimetizar temas amplos e coletivos tais como o nordeste, o samba ou a religiosidade, prática recorrente das empreitadas do modernismo, os artistas contemporâneos ao contrario trazem esses ícones nacionalistas contaminados pelas novas mídias e por certa experiência vivencial, introspectiva e intima, estimulados pelo experimentalismo.  A temática do canibalismo, ligada aos interesses que os europeus tinham pelo selvagem, e pelo primitivo o qual já se fazia presente desde 1920, em Paris, freqüentada na época por Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, época do Manifesto Antropofágico; já enfatizava a necessidade de assimilação do estrangeiro para exportação do nacional, buscando posicionar-se de outra maneira em relação à herança cultural européia. O desajuste brasileiro deve ser encarado com otimismo, como indicio de inocência nacional e da possibilidade de um rumo histórico alternativo. A experiência brasileira é um ponto cardeal diferenciado, com virtualidade utópica no mapa da historia contemporânea." (*)


(*) Textos enviados por Silvia Meira

Participações especiais da semana: Arthur Omar, Denise Milan, Otávio Frias, Zanna, Ricardo Cardoso, Daniel Peixoto e Gabriel Federici. 

O que é uma obra prima? Ou melhor: qual a diferença entre um livro de Clarice Lispector e outro de Paulo Coelho? Em que período histórico cultural estamos atualmente? Qual o segredo da Mona Lisa? Essa e outras questões serão discutidas ao vivo por quem pensa e faz arte hoje no mundo. Todas as linguagens criativas e todas a classe artística estão convidadas.

Como Nasce uma Obra-Prima
09 de novembro a 08 de dezembro de 2010
Terças e quartas, 19h
Entrada Franca - As inscrições para assistir a todos os debates podem ser feitas pelo telefone (11) 3113-3649. Os não inscritos devem retirar senha no local com uma hora de antecedência.

Centro Cultural Banco do Brasil
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Informações: (11) 3256-8935. Van faz o transporte gratuito até as proximidades do CCBB - embarque e desembarque na Rua da Consolação, 228 e na XV de novembro, esquina com a Rua da Quitanda, a vinte metros da entrada do CCBB.






segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ESTADÃO PUBLICA ARTIGO DE CLAUDIO NIGRO

A edição deste domingo, 21 de novembro, do jornal O Estado de São Paulo, publicou no Caderno 2 um artigo  assinado pelo curador do ciclo de debates Como Nasce uma Obra-Prima, Claudio Nigro. Nele, Nigro analisa a função da arte, a essência da obra-prima, assuntos que estão sendo expostos e debatidos no Centro Cultural Banco do Brasil todas as terças e quartas-feiras, às 19hs, até o dia 8 de dezembro. Clique aqui para ler o artigo na íntegra no site do Estadão ou leia abaixo a reprodução na íntegra.

UM SALTO MORTAL À ALMA DO ESPECTADOR

Toda obra traz um mistério e deixa um símbolo: esta é a sua missão

A história da arte é a história da compreensão. Uma obra de arte é como um "olhar solidificado". Enxergar a Mona Lisa é perceber a maneira como nós nos relacionamos a um quadro mil vezes cultuado, descrito e reproduzido. Atravessar o seu mistério é um trabalho de subtração, que enfrenta o vidro espesso da banalidade. De tanto vê-lo, achamos o quadro banal...

Qualquer obra-prima nos faz um convite: vestirmos os olhos da história ou da compreensão, ou mesmo voltarmos a estar nus diante de um objeto que aciona a central fisiológica do encanto.A obra-prima muda o olhar do homem, muda a maneira com que sentimos. Transforma o sabor do tempo. O que é a Mona Lisa senão outra esfinge? 

Toda obra-prima expõe um mistério e deixa um símbolo. O Davi do Michelangelo propõe um xeque-mate. Quem é o homem renascentista? Contra qual Golias vai lutar?A caveira de brilhantes de Hirst é uma crítica à sociedade consumista, cravejada até o osso de luxo e ostentação? Ou o emblema de um tempo? Morte transfigurada de beleza? 

Para uma obra-prima não há resposta. Ela é a matéria, manipulada ao ponto de nos fazer perder dentro dela a rota da própria linguagem. Toda obra de arte utiliza uma linguagem. Cinema, poesia, pintura, todas possuem uma sintaxe. Naquilo que os alemães chamam de meisterwerk (trabalho do mestre), essa sintaxe desaparece.

Transcendência. Economia e política são baseadas na nossa relação com a matéria. Podemos dizer que o homem é o animal que modifica a matéria, da indústria ao corpo. Na arte essa relação é tão direta que desaparece. Todos temos a impressão que uma obra de arte é transcendente. Mas ela é sempre objeto material: um disco, uma partitura, uma onda sonora.

Essa ideia de arte como canto místico de sereias advém do fato de que na língua poética, no mármore da escultura, no concreto arquitetônico de uma obra-prima, desaparece o rastro da sua construção. Toda linguagem é defeituosa, a palavra nunca toca no que representa. Um texto é uma projeção de conceitos que viaja de uma mente para outra. 

Palavras em si são coisas gráficas. Esse é o limite da comunicação que a arte supera, chegando à emoção de quem sabe se expor à sua radiação estética. Ela emociona atravessando a si mesma e chegando num salto mortal à alma do espectador. 

A Mona Lisa, emblema de obra-prima, parece respirar. Dizem que Leonardo "inventou" a respiração num quadro, eu diria mais: a Gioconda está expirando. Há movimento e alma dentro de tinta e tela, pano. No século 20 sintetizamos uma ideia de artista boêmio e marginal, nociva ao bom funcionamento da sociedade, além de conceito velho. O artista tem um lugar específico na engrenagem social: o poeta era condecorado em praça pública na Roma dos Césares. 

Imortalidade. Além de contribuir para o equilíbrio emocional da sociedade (a novela das 8 nada mais é de que uma catarse da desigualdade social, por isso tão necessária), quando capaz de obras-primas, o artista pode propor ao mercado um produto raro: a imortalidade. Pois uma obra-prima contém presente, passado e futuro.

Artista é aquele que sabe que a linguagem o impede de dizer o impronunciável. Então, ele trai a si mesmo, trai a matéria, trai a linguagem e deixa um símbolo: a cruz, a pirâmide, uma escultura, uma frase. O poeta é um fingidor, e nessa mentira desesperada, crava na matéria a sua ideia de forma. Esta fala conosco quando lemos, assistimos, ou ouvimos a sua sinfonia. A música é o som organizado, proposto como uma lição de beleza. 

Picasso é a natureza destruída enquanto contemplada. Duchamp propõe o livre-arbítrio na ideia de cultura: se uma roda de bicicleta é arte, arte é o que nós decidimos que arte é. O homem se distingue no fato de poder nomear a si mesmo. Adão dá nome aos animais, o pensador diz quem é e quais os significados da vida.
Uma obra-prima é um convite a estarmos vivos. 

Com ou sem Deus, o homem pode decidir se acredita no simples poder econômico ou na própria capacidade de inventar. Aonde colocamos nossa ideia de beleza está o centro da nossa ideia de mundo. Organizar esteticamente vida e morte posiciona a religião no núcleo da civilização. Mas a arte também participa da experiência prática do sagrado. Catedrais, templos e mesquitas são a prova. Beuys se flagelava para trazer de volta ao corpo a experiência mística. Todos sentimos uma explosão diante de um grande espetáculo. Uma obra que nos tira o ar é algo extremamente sagrado e ligado ao homem por aquilo que ele tem de mais profundo, sua relação com o prazer.

Mensagem eterna. Tudo na história segue esse caminho. As pirâmides do Egito não são monumentos, mas símbolos. Emblemas da relação fundamental: a manipulação da matéria. Empilhar pedras gigantescas e formar um objeto ultradimensional (o ponto depois da ponta da pirâmide não é matéria, talvez seja luz, talvez um conceito... de qualquer forma, a estrutura nos leva a meditar sobre seu formato) que, como diria Nietzsche, é uma "vontade de potência", uma mensagem eterna, gritante e indecifrável. 

Tudo o que o homem toca tem um significado. A obra-prima tem mil.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SEGUNDA SEMANA DE DEBATES TERMINA COM CELEBRAÇÃO E ARTE AO VIVO

Claudio Nigro (Foto: Lica Keunecke)

Foi uma semana de discussões acaloradas e apresentações inesquecíveis. O ciclo de debates Como Nasce uma Obra-Prima teve continuidade com as palestras precisas e esclarecedoras do curador Claudio Nigro e do professor de história da arte da Willamette University, EUA, Ricardo de Mambro Santos. O tema foi a arte e domínio da linguagem técnica, a inovação técnica que determina uma obra-prima, os signos e o nascimento comum de arte e mitologia e palavra. Das cinco etapas do trabalho do “gênio artístico” a serem analisadas no evento, duas – tempo e linguagem – já foram dissecadas por Nigro e seus convidados. 
Ricardo de Mambro Santos fala para o platéia do CCBB São Paulo

 A arte não foi só falada, mas manifestada ao vivo, nos desenhos de Paulo von Poser, que registrou sob o seu ponto de vista o que acontecia na platéia e na música do Duofel, que hipnotizou os presentes com as suas versões inebriantes das canções “Eleanor Rigby”, “Norwegian Wood” e “Here comes the Sun”, originais dos Beatles. A combinação das falas de Nigro e Ricardo de Mambro Santos com os desenhos de Poser e com a música do Duofel causaram uma verdadeira catarse.
Paulo von Poser
Duofel
Ainda estiveram presentes e conversaram com o público a fundadora da Instituição Escola São Paulo Isabella Prata, o artista cearense Daniel Peixoto e a historiadora e professora da USP Silvia Meira, que volta como palestrante na próxima semana, quando o tema do debate será Arte, Influência e Identidades Culturais Brasileiras.
Daniel Peixoto
Silvia Meira e Isabella Prata
 Um grupo de intelectuais internacionais e brasileiros e uma série de artistas de todas as áreas falam da diferença entre o uma obra de arte comum e uma obra que muda o olhar do homem sobre o mundo. Esse é fio condutor de um evento que quer discutir as mais importantes questões ligadas à arte no Brasil e no Mundo hoje. Copyright, mercado, poética, o século XX, o pós-modernismo, a identidade cultural do Brasil etc. Um convite  que se estende à classe artística na sua totalidade e a todos que amam as sete artes e a comunicação. (Fotos de Lica Keunecke)

Como Nasce uma Obra-Prima

09 de novembro a 08 de dezembro de 2010
Terças e quartas, 19h
Entrada Franca - As inscrições para assistir a todos os debates podem ser feitas pelo telefone (11) 3113-3649. Os não inscritos devem retirar senha no local com uma hora de antecedência.

Centro Cultural Banco do Brasil
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