segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O INÍCIO...


Compreender o subtexto narrativo da cultura ocidental, sintetizar as necessidades do novo sistema planetário, definir o que nos últimos dois mil anos formou a nossa identidade humanística, caracterizar os erros deste complexo percurso e definir o que é arte e o que aconteceu no século XX, são vozes de uma lista que me parece urgente.E as questões se multiplicam: onde estamos artisticamente? O que pretendemos da classe criativa para os próximos tempos?
Tempos líquidos têm mais velocidade... Há uma nota nova no sentir contemporâneo, uma linguagem nítida das consciências em rede, coincidências profundas que parecem legíveis através da ligação eletrônica e capilar dos novos meios de conexão. Sentimento que esbarra no interessante conceito da “quinta ordem” do materiliasta Comte-Sponville, que considera um possível calculo ético entre o ateísmo e a hipótese de uma dimensão espiritual.
Agora, o Brasil se levanta como país economicamente auto-suficiente no cenário global. Qual será a nossa contribuição como personagem cultural do planeta? Quais são os termos oficiais da arte internacional?  
No âmbito de um avanço tecnológico onde todos podem produzir digitalmente a própria comunicação, estouram mais perguntas: há espaço para obras-primas, objetos que mudem a concepção que o homem tem de tudo? Ou o jogo acabou?
Qual o nosso papel individual  no  fluir da história? De que maneira o livre arbítrio incide no que é cultura?
Talvez seja eficaz compreendermos a história do objeto artístico. Da primeira palavra pronunciada pelo homem ao cinema contemporâneo, à aurora das instalações. Dentro de uma relação profunda com a matéria: o nosso mergulho no mármore.
Num mundo onde todas as artes se contaminam entre si, de novo o homem parece estar pronto para uma comunicação ligada à sintonia física, ao prazer de estarmos vivos e de usarmos a arte na vida como uma linguagem universal, um esperanto sem idiomas que solucione os confins ilegíveis das diferentes culturas.
Há milênios temos uma mesma função (de serviço) junto à todas as classes. Juntos de novo podemos decidir um significado, revogar o vício do individualismo sufocante e recuperar o valor do pensador no labirinto social. Pois se é possível comprarmos tudo, senhores, que não nos esqueçamos que artistas podem colocar à venda, em seus complexos objetos, a imortalidade dentro do famoso mercado.

Um comentário:

  1. Cláudio, intriga-me saber se uma obra pode ter seu valor artístico indiscutível, devido a elementos internos inerentes a ela, sem depender exclusivamene das definições de críticos e de outros artistas já consagrados que determinam tal valor. Se tais especialistas, representando-se como fatores externos, considerados como a voz de uma classe social dominante, no final das contas, dizem o que é artístico ou não, o que cabe ao artista anônimo, digamos com "potencial", fazer para ser reconhecido? Dessa forma, como definir também o que é "potencial"?

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